A saga de Eva e o nascimento humano
A evolução da espécie humana paga ainda hoje um alto “preço” por ter abandonado a posição quadrúpede e assumir a postura ereta sobre as duas pernas. Eva, ao erguer-se e ficar em pé para apanhar a maçã do conhecimento, perde o paraíso e é impelida para fora do seu estado de nirvana, já que escolheu viver com consciência. Recebe então a sentença das leis divinas: “Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores” (Gên.3:16). E não por acaso.
A antropologia nos mostra que para ficar em pé os hominídeos tiveram que alongar e estreitar sua pelve para conseguir suportar o peso do próprio corpo sobre duas pernas. Ao mesmo tempo, para desfrutar da maçã do conhecimento e desenvolver inteligência, o crânio teve que triplicar seu tamanho, devido ao aumento do córtex cerebral. Resultado: cabeça três vezes maior e pelve muito mais estreita, impossibilitando a passagem do feto.
Como o nascimento humano se tornou possível então? Como não ficamos fadados à extinção morrendo todas no parto? A resposta a esta difícil charada chama-se fetação e significa que o tempo de gestação diminuiu. Se hoje uma gravidez acontece em nove, dez meses, deveria durar um ano e meio aproximadamente. Sendo assim, nasceríamos como nossos amigos mamíferos: já eretos, podendo nos locomover e sobrevivendo de modo quase independente.
Sim, nossos nenês são fetos fora do útero, têm necessidade violenta de vínculo, de relacionamento intenso e muito próximo da mãe que deverá lhes prover absolutamente todo cuidado e alimento. Evolutivamente, ou o vínculo e amor entre mãe e bebê era desenvolvido ou estaríamos todos condenados a extinção.
Outro mecanismo que tornou possível nascer foi o incrível movimento de rotação que o bebê faz dentro da pelve da mãe na hora do parto. A espécie humana é a única a fazer este movimento de rotação. Somos, portanto a única espécie animal a nascer com a face voltada para trás, para as nádegas da mãe e não em direção aos seus braços e ao seu rosto, como nas macacas que seguram seus filhotes ao nascer. Assim sendo, ficou quase impossível para as mulheres primitivas parirem sozinhas seus filhos, sendo necessário chamar outras mulheres para ajudar a apanhar o recém nascido no momento do parto.
A sentença “parirás com dor” pode revelar algo mais sobre a desenvolvimento físico, mental e espiritual da espécie humana. É o preço que pagamos pela nossa evolução. Entender sobre a história do nascimento humano traz à luz um possível entendimento deste processo e dá a nós, mulheres, uma oportunidade ímpar de desenvolver-se neste intenso desafio que é trazer um novo homem ao mundo.
Eleonora de Moraes
Psicóloga, educadora perinatal e doula (acompanhante de parto)
Coordenadora do Curso para casais grávidos “Nove Luas”
A antropologia nos mostra que para ficar em pé os hominídeos tiveram que alongar e estreitar sua pelve para conseguir suportar o peso do próprio corpo sobre duas pernas. Ao mesmo tempo, para desfrutar da maçã do conhecimento e desenvolver inteligência, o crânio teve que triplicar seu tamanho, devido ao aumento do córtex cerebral. Resultado: cabeça três vezes maior e pelve muito mais estreita, impossibilitando a passagem do feto.
Como o nascimento humano se tornou possível então? Como não ficamos fadados à extinção morrendo todas no parto? A resposta a esta difícil charada chama-se fetação e significa que o tempo de gestação diminuiu. Se hoje uma gravidez acontece em nove, dez meses, deveria durar um ano e meio aproximadamente. Sendo assim, nasceríamos como nossos amigos mamíferos: já eretos, podendo nos locomover e sobrevivendo de modo quase independente.
Sim, nossos nenês são fetos fora do útero, têm necessidade violenta de vínculo, de relacionamento intenso e muito próximo da mãe que deverá lhes prover absolutamente todo cuidado e alimento. Evolutivamente, ou o vínculo e amor entre mãe e bebê era desenvolvido ou estaríamos todos condenados a extinção.
Outro mecanismo que tornou possível nascer foi o incrível movimento de rotação que o bebê faz dentro da pelve da mãe na hora do parto. A espécie humana é a única a fazer este movimento de rotação. Somos, portanto a única espécie animal a nascer com a face voltada para trás, para as nádegas da mãe e não em direção aos seus braços e ao seu rosto, como nas macacas que seguram seus filhotes ao nascer. Assim sendo, ficou quase impossível para as mulheres primitivas parirem sozinhas seus filhos, sendo necessário chamar outras mulheres para ajudar a apanhar o recém nascido no momento do parto.
A sentença “parirás com dor” pode revelar algo mais sobre a desenvolvimento físico, mental e espiritual da espécie humana. É o preço que pagamos pela nossa evolução. Entender sobre a história do nascimento humano traz à luz um possível entendimento deste processo e dá a nós, mulheres, uma oportunidade ímpar de desenvolver-se neste intenso desafio que é trazer um novo homem ao mundo.
Eleonora de Moraes
Psicóloga, educadora perinatal e doula (acompanhante de parto)
Coordenadora do Curso para casais grávidos “Nove Luas”