Entender a dor do parto como fisiológica é a grande chave para viver um parto com tranquilidade. Neste vídeo, Eleonora Moraes traz 5 dicas que funcionam para proporcionar relaxamento e alívio da dor.☀️
Transcrição do vídeo:
A dor do parto é fisiológica e inerente ao processo. Vamos ver aqui 5 dicas para lidar com ela. Eu sou Eleonora Morais, psicóloga, Doula e diretora do Despertar do Parto, mãe de três filhos. Estou aqui hoje para falar sobre como lidar com a dor do parto. No vídeo anterior a gente falou sobre a dor do parto, como ela acontece, e porque que ela acontece sendo natural e fisiológica. Agora a gente vai olhar para 5 dicas de como você pode lidar com ela para viver um processo de parto muito legal.
Qualquer método de alívio da dor tem por objetivo principal deixar a mulher relaxada, tranquila e confiante para que ela se sinta capaz de viver o trabalho de parto com tudo que ele exige. Portanto, todas as dicas que eu vou passar aqui na verdade tem este mesmo fundamento, trazendo tranquilidade, confiança e segurança.
O primeiro método de alívio da dor não farmacológico descrito na literatura como um dos mais eficazes é o suporte contínuo. E o que é isso? É a presença de um profissional, técnico ou não técnico, ou até mesmo um familiar que possa prover um suporte, um apoio emocional, uma medida de cuidado e conforto físico ali durante o trabalho de parto inteiro ao lado da mulher.
A presença dessa pessoa faz verdadeiros milagres. A gente tem estudos na literatura falando sobre os resultados de partos acompanhados quando tem suporte contínuo e partos acompanhados que não tem suporte contínuo. As respostas de tempo de trabalho de parto são menores, as necessidades de uso de intervenções são menores, e a experiência do parto fica muito mais satisfatória para as mulheres.
E esse resultado do suporte contínuo é ainda melhor quando esse acompanhante não tem nenhuma relação com a equipe médica, não é da família, ou seja, são as acompanhantes de parto especialmente treinadas (nós, as Doulas)! Enfim, mesmo não tendo Doulas, tendo um acompanhante do seu lado, alguém com tranquilidade que possa te passar carinho, apoio, que possa trazer uma bebida, que possa fazer uma massagem nas costas, que possa ser o fiel escudeiro neste processo.
A segunda medida que traz muita ajuda para viver o trabalho de parto é a água (santa água), e água quente de preferência. Então a gente pode usar a água de três formas diferentes. A primeira e principalmente na fase inicial do trabalho de parto, quando as contrações ainda não estão tão intensas, pode ser usada a bolsa de água quente esquentada no micro-ondas ou na panela com água. Você pode envolver ela em um tecido e amarrar colocada sobretudo na região lombar e até no baixo ventre desde que não seja tão quente. Esta medida com bolsa de água quente traz muito conforto, um relaxamento da musculatura que vai precisar abrir e se contrair demais durante as contrações.
Uma outra forma de utilizar a água quente, e isso é à vontade durante todo o trabalho de parto, é banho de chuveiro. Gente, vocês não fazem ideia do que é na hora da contração com uma baita dor e ir para debaixo de uma água quentinha. Só a sensação daquelas gotinhas caindo em você já trazem um desvio da percepção da dor. A outra coisa é que quando a gente vai para o chuveiro, geralmente é um lugar aonde ficamos muito desinibidos por estar sozinhos, sem alguém observando e aproveita este tempo para relaxar. Então um banho de água quente, sobretudo acima de 15 ou 20 minutos, vai dando um relaxamento na musculatura do nosso corpo e trazendo essa sensação boa da água, do barulhinho dela caindo, e isso faz muita diferença para o alívio da dor.
A terceira forma de usar a dor é o banho de banheira. Isto sim é uma analgesia natural que podemos oferecer, e o importante é que a água chegue na altura do peito da mulher, cobrindo todo o abdômen. Este contato com a água da banheira ajuda não só a trazer o relaxamento, como permite a mulher adotar diferentes posições que ela não consegue fazer no chuveiro ou em cima da cama, por exemplo.
O único cuidado é que o banho de banheira não deve ser oferecido antes que ela tenha uma evolução bem eficaz da dilatação, antes que o trabalho de parto esteja de fato engrenado. A gente costuma oferecer a banheira e recomendar a banheira quando a mulher já tem pelo menos 6cm ou quase 7cm de dilatação. De um modo geral, entrar na banheira nesta fase é para poder aguentar o final da transição (lembra que eu falei no outro vídeo do final desta dilatação do trabalho de parto, que é o momento mais difícil do trabalho de parto?). A banheira traz muita oportunidade, muita possibilidade de a mulher viver esta fase final com mais conforto e menos dor.
Terceira dica: mudar de posições. Então agora eu vou contar como mãe que já viveu dois partos normais: a gente tem muito medo de mudar de posição. De uma forma geral, quando a contração vem, ela vai chegando em um patamar que vai ficando difícil da gente lidar com ela.
A gente se apega à alguma posição, alguma postura ou esmagando a mão de alguém por exemplo, ou adotando algum mecanismo de movimento, ou de fala, fica uma coisa meio autista mesmo às vezes. É esquisito, mas é normal. E sempre, para mudar de posição, dá aquele medo de que “talvez doa mais, é melhor ficar aonde eu estou”, mas na verdade o mudar de posição traz a possibilidade deste bebê se movimentar dentro do útero e a gente também vai ganhando mais dinâmica com o corpo, mais movimentação, liberando mais as articulações, rolando mais e deixando a energia do corpo fluir de uma forma melhor.
Assim, o processo fica mais fácil. A quarta dica é massagem! Minhas amigas, massagem durante o trabalho de parto é uma coisa que toda mulher deveria receber, não é? Porque um óleo quentinho na mão e alguém que vem com a mão quentinha nas suas costas faz uma diferença tremenda. Ajuda a soltar a musculatura! Não precisa ter técnica específica ou magnífica de massagem. Se tiver ótimo, bom, melhor! Mas uma mão presente, com vontade de estar ali concentrada no movimento que está fazendo e observando a sua reação no trabalho de parto faz uma diferença tremenda!
Vale massagem na lombar, no pé (tem coisa melhor do que massagem no pé?), vale massagem nos braços, nas mãos, ou qualquer coisa que traga essa sensação gostosa de contato, relaxamento. A massagem traz pra gente a experiência do tato, e o tato diz pra gente, além de outras coisas, aonde a gente termina e aonde começa o mundo. Uau, que papo louco!
É, a massagem traz a sensação de limite, e quando a gente está vivendo uma experiência desconhecida como é o trabalho de parto, esse limite é muito bem-vindo! E a quinta dica é o cuidado com o ambiente. Que coisa estranha não? Como é que o ambiente pode interferir na dor de alguém? Ok, vamos pensar o seguinte: os hormônios que a gente libera no trabalho de parto são os mesmos hormônios que a gente libera em uma relação sexual. Sim! E pra gente poder liberar estes hormônios de uma forma satisfatória, a gente precisa de privacidade. Os nossos hormônios são tímidos! Então, em um ambiente escuro, na penumbra, aonde você não se sinta observada. Ambiente gostoso, arrumado, minimamente organizado pode trazer todo esse conforto e relaxamento para esta condição que, a gente como mulher precisa para deixar o bebê sair.
Imagine os bichos, se eles estiverem em um lugar exposto à movimentação intensa com luz de foco na cara! Imagina se eles vão estar se sentindo seguros e protegidos para poder ter um neném? O ser humano não é muito diferente, então a dica é tentar deixar uma luz de penumbra, e isto não é difícil de conseguir em qualquer situação ou ambiente hospitalar. A gente pode apagar a luz da sala, deixar só uma frestinha da luz acesa do banheiro ou corredor, pode colocar luzinha de Natal. Sim!!! Dentro da minha bolsa de Doula tem luzinha de Natal e é muito bacana pois podemos colocar na tomada e fazer um bolinho, ou enfeitar o quarto tornando este ambiente mágico, porque de fato o parto é isto! É uma vivência e experiência sagrada, e a gente tem que olhar pra isto não só com olhar do cuidado, da segurança, da técnica; mas também olhar do âmbito do amor, da casa, do acolhimento, do carinho.
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