3 a 4% dos bebês assumem a posição pélvica (sentada na pelve) no final da gestação. Importante saber que é possível, a partir de 34 semanas, convidar o bebê a virar de cabeça para baixo, assumindo uma posição melhor para nascer seja pelo parto normal ou até mesmo pela cesárea.
Transcrição do Vídeo
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O vídeo de hoje é curto e simples, mas nem por isso menos importante. Vamos falar aqui sobre por que não se deve agendar uma cesariana. Meu nome é Eleonora Moraes e esse é o canal do Despertar do Parto, e estamos aqui vivendo num país campeão mundial de cesarianas, sendo que a imensa maioria delas são cesarianas eletivas, que quer dizer cesarianas de hora agendada. Porque isso seria prejudicial? Afinal de contas, é tão prático, não é? Marcar o horário, você se programa, o médico se programa, a gente escolhe a data do nascimento do bebê. É tão bacana, não precisa esperar e ficar com medo de acontecer alguma coisa com o bebê dentro do útero né?
Mas, na realidade, a gente pode sim estar fazendo um grande equívoco com a própria saúde do bebê, e eu vou explicar o porquê. Você sabe o que é que desencadeia o trabalho de parto? É um mecanismo bem complexo que, na verdade, a gente nem sabe inteiramente como é que é esse processo todo, mas já se é comprovado que é a maturidade pulmonar do bebê que faz desencadear o trabalho de parto. Isso é, o bebê nasce e o trabalho de parto se inicia quando esse bebê de fato está pronto para nascer.
A idade gestacional do bebê é uma data estimada pela data da última menstruação, mas na verdade a gente não sabe exatamente quando é que foi a fecundação desse bebê. A gente acredita que tenha sido ali depois de uns 15 dias depois da menstruação, mas a gente nunca sabe exatamente a idade gestacional do bebê, mesmo tendo um exame de ultrassom que pode ajudar um pouco aproximar essa data, mas sempre fica uma dúvida.
Então bebê com 38 ou 39 semanas de gestação que vai para uma cesariana agendada, ele pode sim ter apenas 36 semanas e nascer prematuro, e na realidade é isso que acontece. Então, no Brasil, a gente é campeão mundial de cesarianas, e a gente tem altíssimas taxas de prematuridade iatrogênica. O que quer dizer esse nome estranho aí? São bebês prematuros, mas a gente que provoca prematuridade deles tirando eles antes do tempo.
Com muita frequência esses bebês acabam indo parar na UTI depois do nascimento, e a gente olha e fala “Ah, que bom que o médico salvou esse bebê de dentro do útero. Está vendo? Nasceu agora, já foi pra UTI, imagine se ficasse lá dentro do útero ainda mais. ” Um outro fator importante é que as contrações que a mulher passa durante trabalho de parto ajudam esse bebê a se preparar para adaptação no mundo aqui fora. Então, a preparar os reflexos respiratórios, o reflexo de sucção para amamentação e uma série de outros.
Passar pelo canal vaginal também ajuda esse bebê a expelir o líquido que tem dentro dos pulmões e nas vias aéreas desse bebê, para que ele chegue no mundo possa fazer respiração de uma forma mais eficaz. Quando o bebê passa pelo trabalho de parto também, mesmo que nasceu pela cesárea depois, ele é encharcado por uma série de hormônios como a adrenalina, ocitocina, a prostaglandina, e uma série de outros. Cada um desses hormônios têm um papel específico na formação do vínculo mãe e bebê.
“Ah, você está dizendo então que se eu não tiver um parto normal, eu não amo meu bebê e não me vinculei com ele? ” Não, claro que não. Nós somos seres conscientes! A gente se vincula com o nosso filho antes mesmo dele existir dentro da barriga, não é assim? Só que hormonalmente a gente garante um vínculo que é instintivo. É uma comunicação que vai muito além do mental e que facilita o cuidado com o bebê, facilita amamentação e uma série de outras coisas. Essa interferência no parto relacionado ao vínculo é algo que já vem sendo estudado há bastante tempo.
Michel Odan, obstetra francês e um papa da humanização do parto, no seu livro “A cientificação do amor” conta sobre diversas pesquisas feitas desde a década de 20 sobre a interferência do parto no reino animal, então ele traz exemplos, como a gente dar uma borrifada de clorofórmio nos antílopes que estão pra ter a cria no momento do parto, e logo depois que os filhotes nascem a mãe não reconhece o filhote, e não exerce a maternagem do filhote. É justamente porque sofreu a interferência desse medicamento e não pôde estar consciente no momento do parto.
Um outro exemplo fantástico que é de se separar uma ninhada de ratinhos bonitinhos que acabaram de nascer da mãe logo depois que nasceu, não deixando a mãe rata lamber nem cheirar esses filhotes. Se separam por duas horas e depois se coloca a ninhada junto da mãe. Sabe o que acontece? As mães não maternam os ratinhos, e elas rejeitam os ratinhos. E se, por outro lado, a gente deixa logo que nasceram a mamãe rata lamber e cheirar esses filhotinhos por duas horas, separa até 12 horas, e quando volta a mãe vai reconhecer a cria, e vai cuidar da cria.
Então isso faz a gente pensar no quanto que a gente está interferindo num processo que é natural e fisiológico na vinculação, na relação. E o que a gente não sabe é que a epidemia de cesarianas é muito recente, e a gente não sabe qual vai ser o resultado disso a longo prazo. Portanto, a minha dica de todo coração pra toda mulher que chega pra mim é dizendo “não, eu tenho medo do parto, eu quero uma cesariana” até te entendo, maravilha. O que eu peço encarecidamente: entre em trabalho de parto minimamente, depois você pode até ir buscar sua cesárea. E, mais do que isso, busque informações para desmistificar um pouco sobre o medo do parto. Muitas mulheres fogem do parto normal e escolhem a cesariana com medo de um parto cheio de intervenções, de violência. É como a gente vê tanto por aí!
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