Já parou para pensar como é a gama de emoções e sentimentos durante o parto? Neste vídeo, a psicóloga, doula e mãe de 3 filhos, Eleonora Moraes, descreve sobre esta avalanche de emoções, que passam pelo medo, alegria, tristeza e até mesmo a raiva!
Transcrição do Vídeo
Emoções no trabalho de parto. Faz ideia da montanha russa que é isso? Vamos descobrir juntos, vem comigo!
Pronto, agora já que estabilizada, a gente pode conversar. Pra quem não me conhece, sou Eleonora, Doula do Despertar do Parto, já tive dois partos normais, sem analgesia, e uma cesariana eletiva. Então acho que de emoção no parto da pra eu falar um bocado. Sou psicóloga também, e isso me ajuda a compreender toda essa gama de emoções que envolvem essa grande jornada que é trazer um bebê ao mundo.
Então vamos falar sobre as emoções. Nas diferentes fases do trabalho de parto, porque assim a gente consegue seguir uma linha de raciocínio, dessa grande confusão que é, essa confusão emocional que é essa intensidade dessa experiência.
Fase inicial do trabalho de parto. Tudo começa com uma certa alegria, ou surpresa. Alegria se esse trabalho ta demorando pra começar. E chegou o momento tão esperado e muitas vezes surpresa porque ele acontece no momento que a gente não tava esperando, e tudo bem, vamos seguir o barco...a outra emoção muito presente nesse momento é a ansiedade, aliás ela acompanha todo esse processo, porque a gente fica naquela expectativa do resultado final, e essa ansiedade em excesso, ela acaba nos atrapalhando demais. Porque como eu já disse em vários outros vídeos, se você me acompanha aqui sabe disso, o parto não acontece aqui no cabeção né, no meu córtex, ele acontece no nosso cérebro primitivo, e quanto mais abandono do controle a gente tiver pra viver essa experiência, melhor vai ser, mais fisiológico vai ser, todo desenvolvimento do trabalho de parto.
Um outro sentimento comum nessa fase inicial do trabalho de parto é a Dúvida. Primeiro, eu estou ou não estou em trabalho de parto? Como é que eu vou saber...se você quer saber mais sobre isso, assiste aqui nesse link aqui em cima, o vídeo que eu acabei de fazer na semana anterior pra você se inteirar mais sobre isso. E aí de repente tudo começa a dar vazão a uma segunda grande dúvida que é: “ Eu vou dar conta dessa balada” ?
Porque o negócio tá ficando muito intenso. Quando esse pensamento começa a vim, de Meu Deus será que eu vou dar conta, provavelmente você já está entrando na fase ativa do trabalho de parto. O trabalho de parto verdadeiro. Que te pega pra valer. Então o outro sentimento que vem, aí nesse momento, é o medo, eu vou dar conta de viver tudo isso. O que é que vai acontecer comigo, o que é que vai acontecer com o bebê. Esse lugar tão misterioso que é o parto, que eu to entrando nele aos pouquinhos, traz essa sensação de medo justamente porque é uma experiência do desconhecido. É uma experiência da nossa própria sexualidade, é um mergulho dentro da nossa própria sombra,e isso pode ser muito assustador.
Sobretudo se a gente cria muita expectativa. Então novamente, esse é o principal momento de entregar, de confiar, quanto mais controle a gente quiser ter sobre esse momento do parto, mais no inferno a gente vai entrar. Porque fica toda essa expectativa, essa ansiedade de querer controlar o tempo e como é que vai acontecer esse processo, e a gente não tem esse controle, na verdade a experiência do parto é uma experiência de abandonar o controle. De se deixar levar por uma sensação física, uma sensação que o teu próprio corpo vai produzir e do qual você não controla. Muito bem, e aí como é que acontece. O parto vai rolando, vai acontecendo, e chega o momento da transição, que é o final da dilatação pro início do expulsivo. E nesse momento é muito comum vir à exaustão, sensação de cansaço. Uma sensação de que nasce ou não aguento mais isso, eu cheguei no meu limite. É o momento em que a gente chama assim, o momento de chegar no limbo. Sabe o limbo, que é aquilo assim onde você tem certeza que você vai morrer. O problema é que você não morre, e tá tudo certo, isso faz parte desse momento de transição. É um momento da gente morrer como filha, da gente abandonar o nosso papel como namorada, como esposa, como filha, e pra assumir um novo lugar, pra nascer essa mãe.
Então, de fato a gente tem que se deixar morrer e se acreditar. Você não vai morrer no trabalho de parto se você tá com equipe ok, te assistindo, é um processo natural e fisiológico, se não tem nenhum adoecimento, tá tudo certo. O mais importante é isso, é a gente tentar se lançar, se jogar, eu não sei o que vai acontecer nos próximos instantes. Perto dessa criança nascer...mas eu acredito que tudo vai dar certo. É esse o sentimento que tem que vim para nos ajudar a sair desse limbo e vem para a última fase do trabalho de parto. Que é a fase do expulsivo. E nesse momento do expulsivo, e no momento em que a gente tá nesse limbo, é muito comum vim uma emoção que a gente não espera que aconteça no trabalho de parto. Que é o sentimento de raiva. Sim, podem acreditar nisso, a gente precisa dessa raiva pra querer colocar esse bebê pra fora, romper essa ligação que transforma eu e o bebê num único corpo, e querer fazer essa separação pro bem, pro crescimento, pro desenvolvimento, pro que a gente precisa.
Então esse sentimento de raiva, que vem aqui do nosso centro, aqui do terceiro chacra, o manipura. Ele é a emoção também do fazer, do agir, do propósito, do sair de um lugar pra ir para o outro. Então quando a mulher encara e tem até esse sentimento de raiva, isso ajuda ela a sair desse limbo, ajuda ela a sair de um lugar de vítima do próprio corpo, porque muito dos pensamentos que vem de que a gente não vai aguentar o parto, vem desse lugar onde a gente se coloca como vítima de um processo e a gente não é vítima, a gente é autora do próprio parto, a gente é autora desse bebê que tá dentro da gente e pro bebê nascer, não tem como entregar pra outra pessoa fazer. O único jeito de entregar para eu ter um médico, é para que ele faça uma cesariana, para que ele abra a sua barriga e ele retire o bebê.
Então essa emoção da raiva nos ajuda a fazer esse momento de expulsão e de ta acordada e atenta pra catar o bebê no colo, e aí vem a última emoção do parto, que é a alegria. Alegria de poder abraçar esse bebê, de poder receber receber e de fundir com ele. Com uma nova forma, em um novo formato, de uma nova maneira.
Pra finalizar, eu quero contar para vocês de um estudo muito bonito, feito por uma enfermeira obstetra na universidade de Campinas, interior de SP. Onde ela viu a influência da Penumbra, do pouca luz, nas emoções das mulheres durante o trabalho de parto. Pois bem, então essa pesquisadora, registrou pelas expressões faciais das mulheres, as diferentes emoções do trabalho de parto. E foi no trabalho dela que eu identifiquei isso que eu já percebi há muito tempo. Dessa expressão da raiva ser a expressão mais comum durante o expulsivo. Presente em todas as mulheres. E as emoções da alegria, da tristeza, também tiveram presentes nesse estudo, apareceram nas expressões faciais das mulheres. E o mais bonito é que na penumbra, com pouca luz, as mulheres expressam mais os sentimentos de alegria, e o próprio sentimento da raiva, favorecendo assim o trabalho de parto.
Se tiver interessada, tem o link com a publicação dessa pesquisa aqui no descritivo do vídeo. E é isso, eu espero que vocês tenham gostado dessa minha aventura que compartilhada com vocês, desses balanços das emoções do parto, e a gente se vê no próximo vídeo. Um abração...ah não esqueça de curtir, de compartilhar e de fazer esse canal crescer e voar cada vez mais alto.
Beijo...fui!
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