Neste vídeo Eleonora Moraes conta sobre o "pique" que é feito no períneo da mulher no momento do parto e explica porque não deveria ser feito de rotina.
Transcrição do Vídeo
Este símbolo é só para nos lembrar, a valorizar o períneo íntegro depois do nascimento do bebê. O vídeo de hoje é sobre aquele famoso “é só um piquezinho”. Bora saber mais comigo para confiar mais no seu corpo e saber dos seus direitos.
Eu sou a Eleonora, do Despertar do Parto. Mãe de 3 filhos, tive meus partos das minhas filhas, ganhei uma bela de uma episiotomia que eu fiquei 1 mês e meio sentada assim ó, meio de lado pra poder amamentar e no último parto eu felizmente escapei dela e eu to aqui para te lembrar e te dizer que não, você não precisa ganhar uma episiotomia. Vamos do começo.
O que é episiotomia? Episiotomia é um corte cirúrgico feito no momento do nascimento do bebê, a hora que a cabeça começa a aparecer ali no períneo da mulher para abrir, alargar a passagem vaginal na intenção de que o bebê saia com mais facilidade e com mais velocidade que se encurte o tempo do trabalho de parto. Essa intervenção ela foi criada na obstetrícia para emergências obstétricas. Se o bebê tá mal, precisa nascer logo, então foi-se descrito a esse procedimento cirúrgico, a episiotomia, para poder alargar e permitir que o nenê nascesse logo. No entanto ele vem sendo aplicado de uma forma indiscriminada e onde a maioria das mulheres acaba recebendo essa intervenção, uma intervenção de rotina. Mas será que tem essa necessidade?
Uma outra justificativa para esse procedimento acabou sendo o de que se a gente cortar a gente preserva o períneo da mulher, de se rasgar demais no momento do parto. De fazer uma laceração, que é chamada de laceração de terceiro grau que vai romper da vagina em direção ao ânus , trazendo toda uma série de complicações e de consequências disso.
Mas na verdade, mais de 100 anos de pesquisa em relação a episiotomia passaram, e os estudos apontam que não, ela não ajuda a diminuir lacerações mais graves. Pelo contrário. Ela pode até ajudar porque já é um caminho ali aberto que vai permitir que o resto se rompa com mais facilidade. Ela não diminui o tempo de trabalho de parto. E também não diminui o risco de incontinência urinário ou de bexiga caída. Na verdade o que esses estudos têm mostrado é que ela tem trazido mais prejuízos do que ajuda. Então aumenta o risco de infecção, a sensação de dor, de desconforto pra poder até mesmo sentar, como eu falei, pra poder dar mama pro bebê ou seguir a sua vida no seu cotidiano. E também dificultar o retorno da atividade sexual para a mulher
A pesquisa aquela multicêntrica, chamada nascer no Brasil, que eu já citei em outro vídeo aqui, fica aqui o link com a dica sobre esse vídeo que a gente já lançou aqui no canal, conta que mais de 53% dos partos no Brasil acontecem com o uso dessa intervenção que já se comprovou ineficaz, o que traz mais malefícios do que benefícios para a mulher. E o princípio disso tudo, eu fico pensando, é mais ou menos assim né...Bom, Se de fato a natureza exige se um buraco, muito maior com a necessidade de ser maior do que ele é atualmente para o bebê poder nascer, então esse buraco deveria ser maior ou ele deveria vir com um zíper ou um botão ou qualquer coisa assim que facilitasse.
Então tá, então vamos lá, vamos entender como é que é a anatomia da mulher nessa região do canal vaginal e do períneo.
Bom, o próprio períneo ele está no assoalho pélvico, que é uma rede de músculos que tá lá embaixo no fechamento da nossa pelve, sustentando todos os órgãos internos. Essa rede de músculos tem o períneo, que é esse oito, que como vocês podem ver nessa imagem, que fica em volta aí do ânus e do canal vaginal.
Então esse oito faz parte dessa saída final para o bebê e a outra parte é o próprio canal vaginal que a gente tem. E toda essa estrutura é uma estrutura que é como um diafragma, ela tem a capacidade de se alongar, essas fibras musculares tem a capacidade de se estender, de abrir e de depois regressar ao tamanho que era. Então essa ideia que eu sei que ronda todo o nosso pensamento da nossa cultura, de que a mulher vai ficar alargada, se tiver parto normal , é ficar com um buraco vaginal enorme que não vai mais ter satisfação sexual ou prover satisfação para o marido ou para o companheiro, é um pensamento extremamente machista e munido de muito pouca informação na verdade. Porque é isso, é uma fibra muscular, e fibra muscular tem capacidade de se estender e de depois retornar ao lugar.
E o parto, o parto é um evento da nossa sexualidade, é um evento da sexualidade feminina, e que a gente pode desfrutar dele da melhor forma possível, a gente tem o direito a isso, ainda que precise se caminhar muito nesse país para poder oferecer isso a todas as mulheres. Então ok, essa saída da vagina, do canal vaginal, do períneo, é uma saída que se adapta a volume, ela se adapta ao formato do bebê, e é o que ele precisa transcorrer pra poder nascer. O que que pode acontecer então no momento do nascimento. Pode acontecer desse períneo, dessa região toda ficar íntegra, não ter laceração nenhuma. Pode acontecer de ter uma laceração de primeiro grau, que vai ser uma laceração de mucosa, que é tipo...sabe quando a gente morde a gengiva, ou então um cortezinho no lábio, e que passa pouco tempo depois a gente já cicatrizou. É porque essa região é de mucosa, ela cicatriza muito rapidamente.
Pode ser que seja uma laceração de segundo grau, uma laceração de segundo grau vai pegar um pouco de músculo também, e existe uma chance que seja uma laceração de terceiro ou quarto grau, que é uma laceração que aí sim transcorre da vagina para o ânus, gerando uma série de complicações e assim no caso mais grave mesmo, e que vai precisar de uma intervenção médica, às vezes até de um procedimento cirúrgico para resolver...mas isso são pouquíssimos casos. Então o que que acontece, se o profissional do parto não fizer episiotomia, pode ser que não faça laceração nenhuma, e na verdade por alguns estudos, dois terços das mulheres vão fazer uma laceração simples, uma laceração ou de primeiro grau ou nenhuma laceração.
O que acontece é que com a episiotomia eu estou provocando uma laceração já muscular, eu já estou provocando uma laceração de segundo grau, e aí eu preciso fazer todo uma sutura, todos aqueles pontos, isso é feito já me perguntaram aqui no canal, a dar anestesia pra mulher, se nesse momento ela não está anestesiada, é dado anestesia local, pra poder fazer esse corte, poder fazer a sutura, uma suturinha que vai ser mais em linha reta, mais fácil de suturar do que uma laceração que ela é fisiológica, porque a laceração fisiológica tende a correr no sentido da fibra muscular, e isso é muito legal, porque quando corre no sentido da fibra muscular, a cicatrização tem maior chance de eu recuperar a função daquela musculatura.
Uma episiotomia dependendo do lugar onde ela é feita, ela pode cortar o sentido da fibra muscular e fazer com que eu perca a função daquela musculatura naquela região. Você já teve uma experiência com isso? já teve um parto com episiotomia ou não ganhou, ou você já conversou com o seu profissional...escreve aqui nos comentários que é sempre muito legal as outras pessoas poderem ler e aprender com a sua história também.
Eu vou ficando por aqui, espero ter contribuído com um pouco mais de informação pra você. E se eu contribuí por favor curta e compartilhe esse vídeo pra gente poder crescer e manter mais períneos íntegros Brasil afora.
Grande beijo, fui!
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