Grupo Despertar do Parto, gradualmente, vai ganhando a confiança de futuras mães ribeirão-pretanas. Criado há seis anos, já acompanhou a trajetória de mais de trezentas parturientes, com acompanhamento e exercícios e 120 delas até o encaminhamento final. Dessas 120, a grande maioria - 112 - teve parto normal, o que corresponde a 75%.
Exatamente a tendência contrária ao aumento de cesarianas no Brasil, em 2011: dados do SUS apontam para uma porcentagem de 53% - mais da metade dos partos realizados no país. O Despertar do Parto é tocado por duas doulas que acompanham a paciente em casa mas ainda não fazem o parto. Eleonora Moraes, é também psicóloga e instrutora de yoga; e Helena Junqueira, psicóloga, é consultora em amamentação e massoterapeuta. O Despertar do Parto existe, segundo Eleonora, para orientar mulheres que gostariam de ter parto normal, oferecer opções de parto na região e disponibilizar o trabalho de doula durante a gravidez, o parto, pós-parto, apoio na amamentação e no que ela define como "experiência solitária da maternidade". "As mulheres que nos procuram estão tentando fugir do que é chamado de condução médica intervencionista em partos de baixo risco", explica a doula. Essas intervenções são o uso de sorinho para induzir, analgesia sem o pedido da mulher, episiotomia de rotina e manora de kristeller (empurrar a barriga da mãe, separação mãe-bebê após o parto) e a própria cesariana. Hora marcada A cesariana de hora marcada, por exemplo, é considerada conveniente para a equipe médica e para a família mas não é boa para o bebê, diz Eleonora. "Muitos bebês de cesarianas eletivas têm ido para a UTI com problemas respiratórios. As contrações também ajudam o bebê na adaptação ao mundo. Além disso, ele é banhado pelos hormônios secretados no parto e cada um deles tem um papel na formação do vínculo e na amamentação". Em resumo, diz Eleonora, o "obstetra se assusta muito facilmente, são considerados poucos os que têm a ‘mão’ para o parto". Na Holanda e na Suécia, países com menores índices de cesarianas, os partos de baixo risco são atendidos por enfermeiras obstétricas. Em Ribeirão, com base nos partos de suas 300 clientes, Eleonora disse que não mais que cinco médicos, que atendem por convênio, costumam conduzir o parto normal com mais frequência que a cesariana. O que faz a Doula Eleonora explica que uma doula não faz procedimento médico ou técnico. Oferece apenas apoio emocional, informações e conforto físico com métodos naturais de alívio da dor e técnicas intuitivas para favorecer o processo do parto. Para o parto em casa, são necessárias duas enfermeiras obstetras, ou uma enfermeira e um pediatra, além do apoio das doulas. "A doula é a primeira pessoa a estar com a família quando o parto se inicia, mantendo-se ao lado da mulher tranquilizando-a, orientando-a, até que o parto verdadeiro se inicie. Ou acionando a equipe médica para vir até o domicílio, quando o parto acontece em casa". Mesmo assim, ainda há uma grande rejeição dos médicos ao trabalho das doulas. Eleonora relata que só 70% dos obstetras aceitam os benefícios do trabalho da doula. Outros 30% "não querem vê-las em seus partos". No Despertar do Parto, o atendimento à parturientes pode custar entre R$ 500 a R$ 2 mil. Eleonora diz que as redes sociais, na internet, estão atentas e têm tido papel fundamental no movimento que se iniciou na década de 1970 e agora cresce mais rapidamente. |
Imprensa O Despertar do Parto na Arquivo
September 2014
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30/6/2012
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