Uma pergunta muito freqüente é se vale a pena preparar-se para um parto normal, criando expectativas e depositando desejos e esforços em algo que, por obra do destino ou do azar, pode simplesmente não acontecer. A frustração não seria maior? O desejo assumido e a energia investida pelo parto normal não se transformaria em sofrimento ainda maior? Ih... ainda tem aquela tal de depressão pós-parto, um mal que ataca mulheres em momentos tão sublimes e transformadores.... será que vale mesmo a pena?
Minha resposta é sempre a mesma: sim, por inúmeros e enriquecedores motivos. Sim, porque preparar-se para aquilo que queremos nos obriga a assumir uma postura consciente e ativa frente as nossas próprias escolhas e com isso engrandecemos. Temos o direito, como cidadãos do mundo, de buscar informações e fazer escolhas conscientes para nossa vida e nosso corpo. Sim, porque entender a importância de viver um parto ativamente, sendo autora do próprio evento e colocando no mundo nosso filho com as nossas próprias forças nos traz uma onda doce de vitória, de capacidade, de força ímpar, de ápice de feminilidade. Nos sentimos muito mais capazes de cuidar dos nossos filhos e de enfrentar os desafios que encontramos na nossa vida daí pra frente. O parto é uma oportunidade única para tamanho crescimento, vale a pena investir nela com todas as forças. Sim, porque o parto normal teve milhares de anos para ser aperfeiçoado pela natureza (cesarianas existem a 50 anos apenas!) e dificilmente seu parto será uma cesariana se você tiver ao seu lado um profissional que realmente faça partos normais com freqüência. Sim, porque a "tal depressão pós parto" está correlacionada com partos (normais ou cesáreas) vividos de forma pouco ativa, sem o conhecimento e a ação direta da parturiente nas intervenções hospitalares que sofreu. Algumas pesquisas e estudos mostram claramente esta correlação. Sim, porque o luto e a tristeza de não viver o parto sonhado existe e é até necessário. A grande maioria das mulheres relatam uma certa tristeza de um processo não vivido por completo e um sentimento de incapacidade do próprio corpo e do papel fisiológico como mães. Tal sentimento independe de ter se preparado ou não para um parto normal e pode aparecer de forma consciente ou não. Fica mesmo um buraco difícil de preencher, afinal um processo foi interrompido bruscamente. e finalmente, Sim, porque viver uma cesariana por real necessidade após ter tido acesso a informações e escolhas conscientes é muito diferente do que simplesmente ser "atropelada" por ela. E se estamos conscientes do que nos acontece, se foi possível fazer algumas escolhas e pensar nelas, se houve a luta e a tentativa, podemos "aproveitar" o luto, saborear o gosto amargo e tirar maior proveito dele, aprendendo muito mais com a experiência. Leave a Reply. |
Eleonora MoraesPsicóloga pela USP, Doula formada pela ANDO e mãe de 3 filhos. É a mãe maior do Despertar do Parto desde 2004. Arquivo
August 2015
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15/4/2005
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