Parto domiciliar não exige acompanhamento médico; no entanto, deve ser feito a 15 minutos do hospitalTheo nasceu na sala de casa, pelas mãos do pai. Foi direto para o colo da mãe. Os três passaram mais de uma hora na banheira, curtindo o nascer. A mamãe cantava a música “Anunciação”: “Eu não duvido, já escuto teus sinais. Que tu virias numa manhã de domingo”. Era mesmo domingo. A doula e as enfermeiras obstétricas acompanharam cada momento. “O meu parto foi lindo”, diz Tânia Galdeano Sampaio. Quando engravidou, ela decidiu que teria o filho de parto normal. Conheceu o parto domiciliar e se encantou pela ideia. A gravidez foi tranquila e não havia contraindicações. O marido aprovou de imediato. “Me entreguei ao processo”. Tânia se entregou à dor. “Não retraí meu corpo. Na dor, eu imaginava o meu colo se abrindo”. O parto aconteceu sem nenhum tipo de intervenção. Quando pegou o filho no colo, Tânia se sentiu completa. “A gente nasceu para isso”. O parto domiciliar tem sido alternativa para mulheres que buscam a humanização em todo o procedimento. Em Ribeirão Preto, grupos como “Despertar do Parto” e “Espaço Flora” oferecem acompanhamento pré e pós-parto. No Despertar há, inclusive, cursos para formação de doulas, mulheres que acompanham toda a gestação e o parto, com o objetivo de amparar emocionalmente gestantes e aliviar as dores das contrações sem o uso de intervenções. Não é necessário acompanhamento médico - apenas duas enfermeiras, uma delas obstétricas, e a doula. Sociedades médicas criticam a prática, mas, oficialmente, não há contraindicação. “Os riscos de um parto domiciliar e de um hospitalar são os mesmos”, diz a ginecologista Flávia Maciel de Mendonça. A afirmação é compartilhada pelo ginecologista Caio Prado. A única obrigação é que haja um hospital a menos de 15 minutos da residência onde o parto será realizado. Caio pontua que, no Brasil, esse é um grande problema. “Alguns bairros têm hospital próximo, outros não. A forma como as cidades estão dispostas pode ser um complicador”. Ele explica também que há dificuldade em chegar a um hospital com a necessidade de uma cesárea de urgência. “Principalmente em convênio, há burocracia para a autorização do parto”. Em países da Europa, ele diz, a equipe obstétrica que acompanha o parto em casa tem comunicação direta com os hospitais para, em casos de emergência, não haver demora. “O Brasil ainda não está preparado para isso, tanto em estrutura quanto culturalmente. Ainda temos um grande caminho a percorrer”, Caio é realista. Hospitais têm espaço para humanização Para as mulheres que querem humanização, mas preferem estar dentro do hospital, já há algumas opções em Ribeirão Preto. O Hospital RDO tem um quarto completamente preparado para o parto humanizado, inclusive com banheira. A maternidade Sinhá Junqueira permite que a gestante leve a banheira inflável. A mulher também pode estar acompanhada da doula e de sua equipe de confiança. Antônio vai nascer em hospital, mas com parto totalmente natural. A mamãe, Patrícia Magnani, está com 39 semanas de gestação e se prepara para um parto sem intervenções. “É pelo bebê. Por todos os benefícios que ele vai ter”, diz ela. A doula Thaiane Caetano pinta a barriga de Patrícia como forma de carinho com o bebê. “O trabalho da doula é amparar a mulher antes e durante o parto. Proteger a mulher do ciclo medo-tensão-dor”. * Publicado em 24/08/2014
Fonte: Jornal A Cidade Link: http://www.jornalacidade.com.br/noticias/cidades/NOT,2,2,982595,Theo+nasceu+em+casa+opcao+alternativa.aspx Leave a Reply. |
Imprensa O Despertar do Parto na Arquivo
September 2014
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24/8/2014
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