Assim que soube da minha gravidez eu me deparei com uma situação muito nova em que eu tinha quase nada de experiência. Foi então que comecei a procurar informações por todos os lados sobre gravidez. Eu lia dezenas de artigos na internet sobre tudo que fosse relacionado ao assunto, os sintomas, os cuidados, tipos de parto etc. E foi ai que depois de muita leitura a minha mente se abriu e eu pude entender certos conceitos. Comecei a pesquisar sobre os tipos de partos, pois eu achava que já deveria tomar uma posição sobre isso e ir me preparando psicologicamente e fisicamente pra que meu parto fosse o mais tranqüilo possível. Nessa busca sobre informações e lendo vários sites , eu encontrei o site Despertar do Parto. Além de encontrar muitas informações importantes que eu buscava, conheci algo até então desconhecido por mim: as Doulas. Comecei a pesquisar sobre elas e fiquei encantada com o trabalho e a finalidade dessas pessoas no momento mais importante de uma mãe que vai parir seu filho. Bom, em poucos dias de pesquisa eu já defini qual seria a minha preferência quanto ao tipo de parto do meu filho, seria parto normal. Me sentia muito segura quanto a essa decisão depois de entender que nós mulheres temos essa capacidade nata e que o sucesso de um parto normal dependia não apenas de uma gestação sem intercorrências, mas sim de um obstetra consciente e a favor de um parto mais humanizado, a mãe tem de estar preparada e bem informada sobre os procedimentos do parto e principalmente ter uma companhia que nos passa confiança e segurança o tempo todo no trabalho de parto ( é ai que entram as doulas com seu trabalho maravilhoso ).
"Quando eu estava no quarto mês resolvi que seria hora de conversar com minha obstetra sobre a minha decisão com relação ao parto e também saber dela algo mais que pudesse me convencer de que eu estava escolhendo o melhor caminho, mesmo que tendo plena consciência de que era apenas uma vontade minha, pois eu sempre entendi o fato de que o tipo de parto só se defini momentos antes do nascimento. Mas eu tinha uma certeza muito grande de que eu conseguiria sim, bastava apenas as pessoas que me assistiam terem também essa certeza. Bom, a minha conversa com a doutora não foi nada agradável, pois ela me deu um “banho” de água gelada quando eu disse que gostaria de tentar parto normal. Ela se demonstrou contra tudo o que eu dizia e ainda teve coragem de me dizer que “não é qualquer mulher que pode ter parto normal é para quem pode.” Um absurdo !! Fiquei chocada com a reação dessa médica. Mas eu não tive dúvidas, no próximo mês eu mudei de médica depois de muita procura por alguém que fizesse parto normal na cidade de Rio Preto, uma verdadeira Via Sacra. Só que eu não desisti e fui numa outra médica. Comecei a dar continuidade nos controles com ela, que até então estava indo muito bem e me garantindo o tempo todo de que indo tudo bem, eu teria meu filho de parto normal. Fui acreditando nela até que com o passar dos meses fui ouvindo aqui e ali relatos de casos de gestantes que tinham tudo pra ter parto normal e no final ela encaminhava pra cesária. Comecei a ficar preocupada novamente. Um belo dia eu conversando com uma conhecida que tinha tido um bebê há 3 meses me conta que ela ficou sabendo de fontes muito seguras de que essa obstetra também não fazia parto normal mais, pois não tinha mais tempo para isso... olha que absurdo. Por que escolhem essa profissão então ? Não é mais o bebê que escolhe o momento de nascer e sim os pais que sem informação e orientados por esses profissionais, permitem que os partos sejam feitos em dia e hora marcada. Mas isso é outro assunto que nem vou entrar agora. Bem, resumindo a conversa eu parei de ir nessa médica também no oitavo mês de gestação e fui em busca de outro profissional. E é ai que entra o Beabá Bebê da Unimed de Rio Preto que realiza um trabalho muito importante, sério e bem organizado por pessoas muito responsáveis e humanas acima de tudo e que realizam um curso para gestantes de excelente nível. Eu estava a procura então de uma doula por aqui, mas não tinha idéia de como procurar e nem se teria esse tipo de profissional em Rio Preto. Foi ai que entrou a pessoa maravilhosa da Eleonora com quem eu comecei a ter contato por e-mail e quando eu pedi a ela indicação de uma doula na minha região, ela logo se prontificou e em poucos dias me enviou os telefones da Criszeide e da Sonia. A partir daí eu comecei a ter contato direto com elas e recebia muitas informações importantes sobre gravidez e parto. Passei a me sentir cada dia mais segura com relação a minha opção de tentar parto normal e com uma doula ao meu lado pra eu me sentir ainda mais segura durante o trabalho de parto até o nascimento. Mas o que eu não sabia era que enfrentaria uma baita resistência dos médicos em me apoiar a fazer o parto normal, pois a estimativa em Rio Preto é que 97% dos partos feitos nos hospitais são cesarianas. Mesmo sabendo dessa dificuldade eu resolvi ir em frente na minha decisão. No sexto mês eu tive diabete gestacional e daí eu passei a ouvir em todas as consultas dessa médica de que o bebê estava sempre com tamanho acima do normal. Com isso, ela sempre me alertava de que esse fator poderia interferir no dia do parto e uma cesariana talvez seria necessário caso ele estivesse muito grande. Fiquei muito preocupada com isso e eu já estava no oitavo mês com tudo pronto. Conversei com meu marido e disse que não queria ir mais nessa médica e que deveríamos procurar outro obstetra. E fizemos isso, comecei a procurar outra vez algum filho de Deus que fizesse o meu parto... ufa... e conseguimos. Encontramos o Dr. Paulo. Marquei uma consulta e já de cara eu tive uma certeza dentro de mim de que ali eu seria enfim respeitada quanto a minha vontade e meu filho também seria tratado com respeito. Pra começar ele me disse que eu tinha todas as condições necessárias pra ter um parto normal e que a diabete não era impecilho, o tamanho do bebê também não era problema desde que tudo corra bem no momento do parto. Eu fiquei entusiasmada e cheia de esperança. Iniciei uma dieta para controlar a diabete e ela se manteve equilibrada até o final da gravidez. O meu bebê estava crescendo bem e o Dr. Paulo sempre dizia que ele não seria um bebê pequeno, mas que estava tudo dentro do normal. Bom, devido a diabete gestacional ele me disse que só esperaria até 40 semanas para entrar em trabalho de parto, caso contrário, tem que se fazer o parto. Porém, ele me deu a opção de induzir o parto caso isso acontecesse, ao invés de já se fazer a cesária. E foi o que aconteceu... completei 40 semanas e nada do Artur querer nascer. Optamos então pela indução... eu não fiquei nem um pouco preocupada pois eu estava muito confiante de que daria tudo certo. Eu sabia que estava em boas mãos, um ótimo médico, um bom hospital, a Sonia que foi minha doula ( uma segunda mãe ), meu marido e minha família ao meu lado... com essa super equipe eu só podia mesmo ficar tranqüila. O dia do parto.... sábado dia 09/06/2007 Na quinta-feira o Dr. Paulo me disse na última consulta... “ acorde normalmente no sábado, tome um bom banho, prepare um super café da manhã e esteja muito feliz, pois você estará indo ao hospital para uma coisa muito boa e não por doença... você vai conhecer o seu filho. “E fui tranqüila e contente para o hospital as 9:00 da manhã. Chegando lá ficamos sabendo que o dr. Paulo já havia ido ao hospital as 8:00 procurando por mim...mas como ele pediu pra eu acordar sossegada... não tive pressa para chegar ! Bom, terminada a parte burocrática na entrada do hospital eu fui encaminhada para um quarto onde fizeram cardiotoco, o dr. Paulo chegou me examinou, disse que estava tudo bem comigo e com o Artur e as 11:00 colocaram o soro com ocitocina. Fui então para o quarto próximo ao berçário onde eu ficaria durante todo o trabalho de parto. E lá já estava a doula Sonia a minha espera.. como foi bom aquele momento, pois eu me senti ainda mais tranqüila podendo contar com aquela companhia tão simpática e pronta para me servir. O quarto era enfermaria, mas tive tanta sorte que não havia ninguém e pude ficar sozinha na companhia do meu marido e da doula. Assim que cheguei no quarto a Sonia já me fez andar por todos os corredores do hospital... andar, andar muito.. conversando e ela ia me falando algumas coisas sobre o que eu iria sentir nas próximas horas. Conheci então a enfermeira obstetriz Roselene, um amor de pessoa, foi super prestativa e cuidou de mim durante todo o tempo que estive no hospital. Ela e a Sonia ficaram ao meu lado até o nascimento do Artur. Eu fiquei muito a vontade, almocei as 12:00 e continuei andando... fazendo exercícios pelos corredores como a Sonia me ensinava.... Por volta das 14:30 eu comecei a sentir as primeiras cólicas bem fraquinhas. A Sonia então já me colocou na bola que ela trouxe e era um alívio ficar sentada e fazendo movimentos durante as contrações. Ela também fazia uma massagem nas minhas costas que era uma maravilha. E a coisa foi aumentando aos poucos ... eu sentia como se estivesse com cólicas menstruais que iam ficando cada vez mais dolorosas, porém, ainda suportáveis com a ajuda da Sonia que sempre tinha uma técnica para me aliviar as dores e também conversava muito comigo e me mantinha muito tranquila. Eis que lá pelas 17:30 as dores ficaram quase insuportáveis, olhei para meu marido e disse que não agüentaria muito tempo... a Sonia e a Roselene estavam ao meu lado também e então ele pediu pra que elas chamassem o dr. Paulo. A Roselene saiu na mesma hora e foi ligar para ele que já tinha dito pra mim que estaria próximo do hospital e quando fosse chamado chegaria rápido... e foi mesmo... em 15 minutos ele chegou. As contrações estavam cada vez mais próximas e bem doloridas... quando ele entrou no quarto já foi logo dizendo... “preparem ela pra anestesia agora”. Mas ainda fizeram cardiotoco, ele fez o toque que estava com 5 cm e até me levarem para o Centro Cirúrgico demorou um pouco. Eu já não tinha uma posição que me aliviasse as dores na hora da contração, então eu esticava toda que parecia ajudar a agüentar a dor. E assim fui pra sala de cirurgia. Meu marido não pode entrar nessa hora, ele foi colocar a roupa para entrar na hora do parto. Então eles me prepararam toda, cardiotoco de novo, pressão arterial... e me pediram pra esperar o anestesista que estava vindo para o hospital. Estava tudo pronto... e esse médico não chegava... a dor ficando insuportável e eu não tinha como me esticar direito na maca pois ela era muito estreita... que sofrimento ! A cada contração que eu tinha eu xingava por dentro esse anestesista que não chegava nunca e quando eu perguntava para eles.. cadê esse anestesista que não chega ??? Eles me diziam que estava chegando. Mas eu percebi mesmo passada de dor, que as pessoas que estavam na sala também começaram a ficar inquietas com a demora. Finalmente ele chegou ! Nem sei quanto tempo demorou porque perdi a noção do tempo. E ai foi tudo bem, e em poucos minutos eu estava livre daquela dor horrível. Também pudera, o dr. Paulo fez o toque logo em seguida e eu já estava com 8 cm de dilatação. Só que ele me falou depois do toque que a minha dilatação estava ótima, mas que o bebê ainda não tinha chegado no lugar certo para o parto normal... ele deveria descer mais um pouco, caso contrário teria que fazer cesária. Mas mesmo assim ele não me desanimou e me falou que daria um prazo de meia hora pra que pudesse fazer força durante as contrações pra ajudá-lo a descer. E então a Sonia e a Roselene uma de cada lado da maca me deram a maior força e me ajudaram a fazer essa força para que o Artur descesse... E continuei tranqüila e confiante de que iria conseguir o parto normal... e o dr. Paulo deixava transparecer de que era isso que ele queria também. Ele até me disse assim, “Valquiria vai ser uma pena se tiver que fazer cesária em você, depois de 9 horas de trabalho de parto e tudo indo tão bem....” e eu respondi: ..” mas não vai ser cesária e sim parto normal “... Até que depois de uma das várias forças que fiz, a Roselene olhou e disse, “nossa vou chamar o doutor “... pensei pronto o que será que aconteceu ??” O dr. Paulo entrou rapidamente e quando me examinou ele disse: “parabéns Valquiria você conseguiu, vamos fazer seu parto normal... já estou vendo a cabecinha dele”.. nossa que alegria... a Sonia e a Roselene vibraram junto comigo, foi a melhor notícia naquele momento. E então o doutor mandou chamar o meu marido pra entrar na sala e o pediatra também... o dr. Paulo não escondia a alegria e o alivio dele por termos conseguido esse parto. Ele chegou perto de mim e me explicou que realmente é um bebê grande como ele já previa e que seria necessário fazer episiotomia e usar o fórceps... me perguntou então se eu concordava com esses procedimentos... eu disse que sim pois tinha muita confiança em seu trabalho. Ele iniciou o parto e com umas 4 ou 5 contrações o Artur nasceu, as 20:30 horas, um bebê grande e cabeludo .... lindo e do jeito que eu havia imaginado que ele fosse durante toda a gravidez. Foi tudo perfeito! Ele nasceu com 3.600 kg e 49,5 cm. O doutor colocou o Artur no meu colo e logo em seguida colocaram pra mamar no peito. Fui para a sala de recuperação e acho que umas duas horas depois eu estava indo para o quarto e em seguida trouxeram o Artur. Por volta da uma hora da manhã eu tomei um bom banho e no dia seguinte fui para minha casa." Considerações finais... Eu fiz questão de relatar o meu parto para que as futuras mamães leiam e possam refletir sobre a possibilidade de se fazer o parto normal. Toda mulher a princípio tem condições de parir seu filho naturalmente e acreditem, essa é a melhor opção para a mãe e para seu filho. Nós nascemos com essa condição nata de parirmos nossos filhos sem intervenção cirúrgica alguma, desde que esteja tudo dentro da normalidade. Para as mães que estão decidindo ainda pelo seu parto... eu recomendo que primeiro procurem se informar sobre gravidez, tipos de partos, anestesias, enfim, tudo que puderem esclarecer e enriquecer seu conhecimento lhe trará mais confiança e segurança na sua decisão. Conversem com seu médico e se for a sua vontade ter um parto normal, não hesite em mudar de médico seja qual for a época de sua gravidez. O que vale é a sua satisfação de ter conseguido no final das contas proporcionar ao seu filho a condição de nascer no momento em que ele achar que é a hora e não deixar que seu obstetra escolha o dia mais favorável. O parto normal não dói, pois é um ato de amor. Pensem nisso. Que todas vocês tenham uma boa hora ! Quero deixar meu sincero sentimento de eterna gratidão às pessoas que proporcionaram o nascimento de meu filho e respeitaram a nossa vontade. Agradeço primeiramente a Deus. E a vocês, Eleonora, equipe do Beabá Bebê da Unimed Rio Preto, Crhizeide (doula), Sonia (doula ), Roselene (enfermeira ), obstetra Dr. Paulo, minha família e meu marido que sem a presença dele ao meu lado me dando força e carinho eu não teria conseguido ! Obrigada a todos ! Valquíria Pardo Souza Biomédica, 35 anos [email protected] |
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15/6/2007
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