Bom, gostaria de descrever aqui como foi o nascimento de meus dois filhos: Matheus e Mariana. Ambos nasceram por parto vaginal, porém, o primeiro teve algumas intervenções (ocitocina, episiotomia e analgesia) e o segundo foi natural e humanizado! Ambas as gestações foram planejadas! Na minha primeira gestação, engravidei de um anjinho que nós, eu e meu marido Aldo, o chamamos de Matheus. Minha ultima menstruação foi no dia 12/11/11, com parto previsto para 15/08/12. Sempre desejei ter parto normal, mas nunca tive informações além dos cursos convencionais para gestantes. Portanto, caso fosse necessário, eu aceitaria fazer uma cesárea. No dia 02/08/12, eu estava com 37 semanas e 5 dias de gestação (pelo US, Matheus estava com 38 e 5 dias). Ao acordar, percebi que perdi o tampão mucoso que reveste o útero. Eu lia muito e sabia que aquele poderia ser o início do trabalho de parto. Fui ao médico naquela tarde, ele fez o toque, mas ainda não tinha sinais, nem de afinamento, nem de dilatação. Ele disse que ainda poderia levar 1 semana! Na madrugada, comecei a sentir algumas cólicas (como as menstruais), elas vinha a cada hora, mas não me alarmei, pois poderiam ser as chamadas contrações de treinamento e eu não tinha a percepção do útero contrair e endurecer. Pela manhã, essas cólicas continuaram, agora a cada 30 min (dores bem suportáveis que duravam menos de 30s). Resolvi que não iria dirigir naquele dia e fui me embelezar... rsrsr. Cheguei na manicure, a Mara, e contei o que estava sentindo... Durante os 60 min que fiquei com ela, senti 4 x essas dores. Ela me falou com todo jeitinho: "Milena, acho que você está em trabalho de parto, não é melhor ir ao médico?". Deste momento em diante, comecei a prestar mais atenção nas dores, e elas estavam aumentando um pouco a intensidade e a frequência. Eu pensava, não pode ser trabalho de parto, as pessoas falam que dói tanto!! Resolvi tomar um banho, fazer escova e esperar meu marido chegar do trabalho. Era um sexta-feira 18h, e as contrações vinham a cada 10 min. Falei pra ele: "Acho melhor irmos ao pronto atendimento, pois é sexta-feira, e talvez não conseguiremos encontrar meu obstreta, caso o Matheus resolva nascer no final de semana". O médico tinha me prevenido que alguns dias não estaria disponível, mas esse é um risco que todos corremos, pois o bebê é quem decide o horário de nascer!! Chegamos ao pronto atendimento e lá estava nosso grande amigo e pediatra Gustavo, e o chefe do plantão também chamado Gustavo. Quando eles me viram, super bem, com a barriga ainda alta, brincaram: "Imagina que você está em trabalho de parto, mas vamos examinar!!!" Assim, o chefe do plantão me fez o toque e falou: Menina, você esta com 4 cm de dilatação!!! Mas como eu sou Otorrino (rsrsrs), acho melhor você ir à maternidade que tem um ginecologista de plantão pra confirmar! Enquanto isso encontraremos o seu médico! Infelizmente meu médico não estava disponível naquele dia! Isso gerou uma ansiedade, mas ao mesmo tempo, eu pensava e dizia para o Matheus: "Agora somos eu e você, nós faremos esse parto!!" Eu e meu marido seguimos para a maternidade da Santa Casa, e lá encontramos com o Dr. Guilherme, uma graça de pessoa, que me examinou e disse: "Seu bebê nasce essa madrugada!!! Vá pra casa, traga a malinha, mas pode voltar só meia noite, pois ainda pode demorar um pouco". Nesse momento as contrações já eram mais intensas, mas ainda suportáveis. Eu e o Aldo ficamos muito ansiosos, e voltamos mais cedo, 21h com tudo pronto, família avisada, super felizes! Quando cheguei na Santa Casa, eles me colocaram no soro com ocitocina... no mesmo minuto as contrações aumentaram muito de intensidade... 23h elas vinham a cada 4 min, com 1min de duração. Eu não estava suportando tanta dor, ainda estava com 7cm de dilatação! Eu falava para meu marido: "O que eu fui inventar, quero cesárea!!!!". O medico entrava frequentemente no quarto, me examinava, examinava o bebê e, com muita calma, dizia que não faltava muito, que tudo estava correndo bem e iria pedir a analgesia pelidural, caso eu quisesse. Eu disse: "Quero e agora!!!!" Mas ele me explicou que precisava esperar mais um pouco! As enfermeiras me ajudaram muito, duas delas já tinham passado pela mesma situação! Ficavam no banheiro jogando água quente nas costas! Mas nada aliviava! Meu marido perdido, sem saber como ajudar! Foi assim até 1h (dia 04/08) quando me levaram para a sala de pré-parto (com 9 cm de dilatação) para aguardar a anestesista. Ela chegou, fomos para a sala de parto e ela me aplicou a analgesia. A dor diminuiu aproximadamente 30%.... mas isso era muito naquele momento!! Me deitaram na cama com as pernas apoiadas (como na cadeira de ginecologista)... mas eu não tinha vontade de fazer força...o médico explicou que iria me ajudar, pois a analgesia atrapalhava um pouco essa percepção. O pediatra e meu marido estavam ao meu lado, eu gritava nas contrações e eles me diziam: "Você precisa fazer força, não gritar!!" No momento da expulsão, o médico resolveu fazer a episiotomia. Quando o útero contraia ele me pedia pra fazer força com o períneo (músculo que trabalhei toda a gestação com a querida Profa de pilates Laís), a fase expulsiva se iniciou e foi muito rápida!!! Em 4 ou 5 respirações o Matheus nasceu!! Foi um momento delicioso, as dores desapareceram quase que completamente, o Dr. Guilherme enxugou o bebê e o colocou no meu colo, ele logo parou de chorar!!! Tentamos fazê-lo mamar, mas a posição não ajudava, então ficamos ali, apenas curtindo o momento, esperando a expulsão da placenta!! O médico então cortou o cordão, e levaram o bebê para examinar. Ele ficou um tempo na incubadora, tomou banho, enquanto eu também tomei banho, e depois o levaram para o quarto, não me lembro quanto tempo isso levou. Os pontos não doeram tanto, a recuperação foi bem rápida e tranquila, assim como a amamentação. Independente de todas as intervenções hospitalares, esse parto foi muito abençoado e eu o achava perfeito até ter meu segundo, humanizado! Quando o Matheus completou 1 ano, resolvemos tentar novamente engravidar, mesmo que a diferença de idade seria pequena!! No primeiro mês sem prevenção, engravidei pela segunda vez (última menstruação: 09/08/2013). Com 14 semanas de gestação, fiz o US e o médico falou que a Mariana estava pélvica, para eu não me preocupar que era normal, o bebês tinham bastante espaço para se mexer. Nesse dia, tenho certeza que ela (Mariana) me enviou uma mensagem para conhecer um dos anjos que Deus colocou na nossa vida, a queria Eleonora. Na verdade, eu pesquisei no "Google" a frase "doula ribeirão preto", pois uma amiga de trabalho (Fran) tinha me perguntado se eu sabia o que era, que uma amiga dela teve acompanhamento de doula no parto e foi ótimo! Nessa pesquisa, encontrei o site "Despertar do Parto" e lá o e-mail da Léo! Escrevi para ela dizendo que estava muito ansiosa pela Mariana estar pélvica e que gostaria de fazer ioga, se existia posições para ela virar, etc... Ela me pediu para fazer uma aula experimental que conversaríamos com mais calma, mas que eu não deveria me preocupar que, até 34 semanas, o bebe poderia virar! Meu Deus, eu estava muito ansiosa, não queria de jeito algum fazer cesárea, e meu médico tinha dito que não arriscaria parto pélvico normal!. Era época de Natal, bastante agitação, resolvi aguardar o próximo US (24 semanas: MARIANA PÉLVICA)!!! Nossa, eu realmente não fiquei bem, iniciei alguns exercícios por conta em casa, com as pernas para cima, conversava com ela... até ter uma entrevista com a Eleonora. Iniciei as aulas de ioga! Ela me explicou que eu deveria me entregar àquele momento, aceitar, terminar de decidir médico, maternidade, etc... Foi então que elas me indicaram um outro anjo, o Dr. José Vitor! Contei para ele meu caso, ele disse que era cedo para se preocupar com a posição do bebê, e me tranquilizou MUITO apenas com sua atenção e segurança! Com 29 semanas fiz outro US e ela ainda continuava pélvica, mas eu já não me importava mais, disse que ela escolheria sua forma de nascer, e eu aceitaria! Assim, no dia 07/04, a querida doula Léo apalpou a pequena e disse que achava que ela estava cefálica... Nesse mesmo dia fui à consulta e confirmamos com o US... Minha Marianinha tinha resolvido virar, estava cefálica!!! Foi um dia muito especial, parece que até nos entendemos, porque confesso, eu estava ficando brava com ela!! A partir desse dia foram só preparativos!!! Quando estava com 38 semanas e 6 dias, percebi que perdi o tampão, mas foi bem pouco e bem clarinho... mas já ficamos na espectativa, afinal, o nascimento do Matheus foi no dia seguinte à perda do tampão. Avisei a Léo e o Dr. José Vitor, mas disse que não tinha nada de contrações... passei o dia muito bem (quinta-feira) e o final de semana também. Na domingo à noite, comecei a sentir umas contrações bem fraquinhas, mas não eram tão ritmadas. Durante o dia da segunda, elas parecem que pararam... Mas na segunda a noite voltaram e pareciam mais ritmadas, a cada 20 min. Na madrugada de terça-feira fomos consultar, pois elas vinham a cada 10 min, mas o Dr. falou que ainda era cedo, apenas 2cm de dilatação. Fomos pra casa, tentei descansar, acordei 5h com as dores. Todos já estavam avisados, a Léo viria pra minha casa pela manhã, era HOJE (13/05/14)!!! As contrações ainda estavam bem suportáveis! Tomei café, o Aldo levou o Matheus à escola, e a Léo chegou por volta das 7:30. Começamos a contar as contrações, vinham a cada 10 min, algumas mais fracas, outras mais fortes. Ela me disse para caminharmos um pouco. Fomos passear no condomínio do prédio, ficamos andando na quadra, conversando, tranquilamente. Quando as contrações vinham, eu me apoiava nela, pensava que era o onda, começava fraquinha, pegava força, e terminava em nada... como ela tinha me orientado. E tentava sempre prestar atenção na respiração! Quando começaram a ficar um pouco mais intensas, resolvemos subir e ir para o chuveiro. Nesse momento, ao usar o banheiro, eu senti um pouco de água escorrer, era a bolsa (era 9:10 da manhã)! A Leo avisou o Dr. e continuamos no chuveiro, eu sentada na bola. Não passaram nem 3 min, e começou outra contração!! Nesse momento, elas vinham bem intensas e mais frequentes, não conseguia me mexer direito. Tomei banho rápido, me troquei, o Aldo tinha acabado de chegar e corremos para a Santa Casa! Elas vinham a cada 1 ou 2 min, e eu já estava com vontade de fazer força, foi muito rápido! Chegamos lá 9:30. Enquanto o Aldo completava os dados de internação, fui correndo para o quarto, com muita dor nas contrações, tentava me concentrar na respiração, a Léo me ajudava e eu só perguntava pelos médicos, pois o obstreta estava vindo de Ribeirão!! Nossa, naquele momento eu já não estava mais conseguindo pensar... o Aldo entra e pergunta: "Qual é nosso endereço mesmo??" (rsrsrsrrs). Eu olho pra cara dele e nem lembro onde moro!!! Mas consigo refletir e responder. Fiquei sentada na bola, apoiada na cama... quando os médicos chegam (pediatra e obstreta), respiro mais aliviada, ele então faz o toque e pergunta: "Você quer sentir o bebê??"... Que emoção, mas respondo que não consigo. As enfermeiras vêm, pedem pra eu trocar a camisola, eu peço para ficar de quatro apoios na cama, pois estava com MUITA vontade de fazer força, mas não encontrava posição sentada, minhas pernas tremiam! Assim, começou a fase expulsiva do parto, muito intensa, mas muito rápida. Posso dizer que, neste momento, as contrações ficam mais espaçadas, temos um pouco mais de tempo para respirar!! A Mari nasce em poucos minutos, ou nem isso, não sei ao certo. As enfermeiras ficaram admiradas por presenciar o primeiro parto natural, no quarto, sem intervenções, naquele hospital! A Léo colocou música de fundo, a luz estava apagada, foi realmente muito emocionante. Quando ela nasce, o pai não se contém e chora, e eu a pego em meus braços e só consigo admirar e agradecer!! Que sorte a minha encontrar profissionais como estes que nos acompanharam!! Ficamos curtindo, até ela abocanhar meu peito e mamar... O pediatra disse: "Bom, volto depois para examiná-la!! Curtam esse momento!" E apenas curtimos... Bom, esse foi o meu relato! Se vocês me perguntarem qual a maior diferença entre os dois partos, respondo com toda a convicção que sem o soro a dor é menor, as etapas acontecem naturalmente, desde que estejamos preparadas para passar por isso, e todas temos essa capacidade. Nosso corpo foi preparado para isso! Qual o meu desejo para todas as gravidinhas que lerem esse relato?? Simplesmente que tenham a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o parto humanizado, e procurar os profissionais que o apoiam! Grande beijo e "boa hora" para todas! Milena Martelli Tosi Ao longo de uma gestação planejada e muito aguardada, meu marido e eu fomos nos informando sobre o que queríamos e o que seria melhor para o nosso bebê. Logo no início da gestação, com apenas 14 semanas, fizemos o curso do Parto Consciente no Despertar do Parto, o que nos abriu os olhos para a realidade obstétrica no Brasil e para as consequências que cesarianas desnecessárias acarretam para os bebês de hoje. Saímos de lá com uma decisão tomada, faríamos o possível para ter um parto normal, e ele certamente seria humanizado. Com o passar do tempo, e com a busca por mais informações, começamos a nos interessar pelo parto domiciliar, principalmente após conhecer tantos relatos de experiências felizes, e termos todo o apoio da nossa doula Eleonora. Mas ainda parecia algo um tanto radical, e evitávamos um pouco a ideia. Chegando ao terceiro trimestre, já tínhamos nos informado o suficiente, através de relatos e estudos, e estava decidido: o Gael nasceria em casa. Por volta dessa época, conheci a linda Marcela no Despertar no Parto, que mais tarde viria a ser também a nossa doula, e tudo pareceu se encaixar, pois ela também tinha parido seu Gael em casa (sim, o filho dela também se chamava Gael!), e acho que nunca vi um sinal mais claro que esse de que estava no caminho certo. Nesse momento, o Fabiano e eu tivemos uma última conversa e concordamos que era aquilo que queríamos, e que um sempre teria o apoio do outro, pois sabíamos que qualquer ocorrência no hospital seria vista como uma fatalidade, mas em casa, seria irresponsabilidade nossa. Foi aí que marcamos nosso primeiro encontro com as parteiras Camila e Adriana, do Arte de Nascer, de Campinas. Tiramos todas as dúvidas que tínhamos e concordamos que esse seria mesmo o caminho. Agora nos restava aguardar. Evitamos falar sobre o assunto com outras pessoas até onde conseguimos, pois sabíamos que era uma escolha que pareceria radical para muitos, e que nem todos entenderiam, e achamos melhor nos preservar. Chegando ao final da gestação, a ansiedade só aumentava, mas eu havia me empoderado ao longo de 9 meses para isso e, apesar da ansiedade, estava muito confiante. A ansiedade, na verdade, era causada principalmente pelo fato do Fabiano trabalhar em Goiânia, e eu tinha muito medo de entrar em trabalho de parto sem tê-lo por perto, tendo que aguardar sua chegada. Foi aí que começamos a conversar com o Gael e pedir para que ele colaborasse e viesse em um final de semana, para que o Fabiano pudesse curtir cada momento de sua chegada ao meu lado, e não é que ele ouviu? Na sexta-feira do dia 28 de março, o Fabiano havia acabado de chegar de Goiânia e estávamos jantando quando senti as primeiras contrações. Estava com 39 semanas e 2 dias, e não me empolguei muito, pois no final de semana anterior já tinha tido um alarme falso com contrações parecidas, ritmadas mas indolores. Quando fomos dormir, à meia-noite, senti um leve estouro no pé da barriga e perdi um pouco de líquido, mas tive dúvidas de que era a bolsa pela pequena quantidade de líquido, e voltei a dormir. Mas então, 1:50 da manhã, acordei com uma contração forte, e bem diferente das que vinha sentindo até então. Elas estavam com intervalos irregulares, mas já não conseguia dormir com a dor e fui tentar me distrair. Deixei o Fabiano na cama dormindo e fui lavar a louça da noite anterior que havia ficado na pia, e então coloquei as roupas separadas para lavar no sábado na máquina. Precisava me distrair para ter certeza de que minha ansiedade não estava causando outro alarme falso. Mas as dores foram aumentando e continuei perdendo mais líquido. Por volta das 3:30 da manhã acordei o Fabiano e mandei uma mensagem para a Marcela, que acionou o restante da equipe assim que ouviu o que estava acontecendo. Pelo visto o Gael estava pronto! Fabiano me fez companhia pelo resto da madrugada, e as contrações aumentavam de intensidade a todo momento. Por volta das 7:30hs da manhã, nossa doula Helena, que substituiria a Eleonora que estava em viagem, chegou em casa. Ela me ajudou a me distrair enquanto o restante da equipe foi chegando. Logo, Marcela também estava conosco, nossa fotógrafa Alessandra, a obstetriz Thaiane, e por fim, por volta das 8:30h, Camila e Adriana chegaram de Campinas. Nessa hora as contrações já estavam bem fortes, mas conseguia conversar durante uma e outra, e caminhar pela casa, sempre com o apoio de alguém (Helena, Marcela e Fabiano se revezavam) para me segurar quando as contrações vinham. Decidi me deitar um pouco, pois minhas contrações estavam irradiando para as pernas, e estava difícil caminhar. Camila, então, me perguntou se eu gostaria de fazer um exame de toque para saber o progresso, e como estava muito curiosa e já bastante incomodada com a dor pedi que fizesse. Era cerca de 10h da manhã, e a notícia foi animadora, estava com quase 6 centímetros de dilatação! Descansei mais um pouco na cama com o Fabiano, enquanto uma das meninas sempre me trazia algo para comer ou beber, e a silenciosa Alessandra fazia seus cliques sem que eu nem percebesse. Perto do meio-dia, a dor nas pernas já estava muito forte, e como a banheira já estava montada e cheia no quarto do Gael, pensei em tentar aliviar a dor nela. Senti uma troca de olhares entre parteiras e doulas, mas à essa altura estava entrando na partolândia e não entendi o que estava acontecendo, hoje sei que elas acharam que ainda estava cedo para ir para a banheira. Na verdade não estava. Não lembro ao certo, mas entre a segunda e a terceira contração que veio na água, senti uma vontade incontrolável de fazer força. Não entendia bem por que, mas tinha que fazer. A intensidade das contrações havia dobrado de repente. Por mais de uma hora, me agarrei às mãos do Fabiano, e tentei relaxar entre as contrações dolorosas que sentia na banheira. Trocava de posição, experimentando ficar sentada, de quatro apoios, ajoelhada, mas as dores e a vontade de empurrar não cediam. Lembro-me de perguntar à Helena se devia fazer aquela força toda, e dela me dizendo que apenas se fosse incontrolável, e era... Perto das 13hs, já não conseguia encontrar uma posição confortável na banheira, e sentia que teria uma câimbra a qualquer momento. E não precisava de uma nova dor. Nesse momento pensei em ir para a ducha, e me sentar na banqueta, pois pelo menos poderia relaxar as pernas. E lá fomos nós para o banheiro. Na banqueta a dor nas pernas realmente melhorou, mas a vontade de empurrar ficava ainda mais forte, e todo mundo percebeu que o Gael provavelmente nasceria ali. Não sei como, mas meu banheiro conseguiu abrigar todos nós, OITO pessoas, sem falar de todos os equipamentos que as parteiras começaram a levar para lá. Alguns minutos depois, o Fabiano e eu conseguimos ver a cabecinha do Gael que começava a aparecer através de um espelho que a Camila segurava para nós, sentada no chão. Era todo o incentivo que eu precisava. O Fabiano atrás de mim, me apoiando, Helena me estendendo um lenço para puxar nas contrações, e meu bebê chegando ao mundo. Poucas contrações depois, Gael chega aos nossos braços, com 3.080kg e 50cm. Foi como se toda a dor não tivesse existido, como se eu tivesse nascido novamente, junto com ele. Camila o amparou e em alguns instantes ele estava no meu colo. Fabiano cortou o cordão umbilical assim que ele parou de pulsar e que o Gael já pudesse respirar por si só (o que ele teve um pouco de preguiça de fazer, tendo que receber um pouco de oxigênio e ser aspirado). Mas como pelo visto o pequeno vai ser dramático como a mãe... já tinha que chegar causando! Na saída do banheiro, voltando para o quarto, ouvi alguém falar em almoço, e brinquei que o almoço havia virado jantar. Foi aí que me disseram que não era nem 14hs ainda! O Gael nasceu às 13:40hs, mas a minha impressão é que já havia passado o dia todo, e que era fim de tarde. Entre minha primeira contração e o nascimento do Gael passaram-se apenas 12 horas, acho que fui abençoada! De volta à cama, tivemos que esperar pelo nascimento da placenta, e para ajudar Camila me administrou uma injeção de ocitocina. Alguns minutos depois nasce a placenta e o ciclo se completa. A placenta foi impressa em desenhos lindos, e no dia seguinte plantada em nosso jardim junto com uma árvore da prosperidade. Tínhamos combinado que avisaríamos os amigos e familiares do nascimento somente após o ciclo todo ter se completado e assim foi. O Fabiano saiu ligando para todos avisando do nascimento do Gael e logo minha irmã e minha mãe chegaram, aos prantos, e com um nhoque delicioso, apesar das meninas maravilhosas já terem cuidado de tudo e preparado um almoço também. Até a fotógrafa foi parar na cozinha! rsrsrs Gael então mamou pela primeira vez, e Helena me deu o nhoque da mamãe na boca enquanto eu descansava. O papai babão fez o Gael dormir pela primeira vez, e enquanto ele dormia tive que levar alguns pontos para fechar as lacerações que tive durante o parto. Ao fim do dia, tudo parecia uma festa. Ainda não acreditava que tudo tinha dado certo... que tínhamos conseguido. Nossa primeira noite foi tranquila, como a maioria delas tem sido até hoje, e no dia seguinte, já me sentia recuperada. Não imaginava que seria tão rápido! Os pontos incomodavam um pouco (o que não durou muito tempo), mas estava totalmente revigorada. E aí sim Gael foi recepcionado por toda a família, que veio vê-lo no domingo à tarde. E essa foi a nossa experiência com o parto domiciliar e o nascimento do Gael... Um parto sem intervenções desnecessárias, seguro, em um ambiente aconchegante e familiar para que o Gael fosse recepcionado da forma mais natural possível, e que logo virou uma festa! Luana Cristina Guedes de Oliveira Tradutora [email protected] |
Depoimentos de PartosSe você quiser compartilhar o seu depoimento, clique aqui e envie. Categorias
All
|
3/6/2014
5 Comments