A Busca pelo Parto Normal Minha gravidez foi muito tranqüila, nenhum enjôo, nenhuma azia, uma ou outra câimbra. A única preocupação era a busca por um parto normal. Desde o começo da gravidez eu fazia caminhadas, yoga para gestantes, acompanhamento nutricional (medo do diabetes gestacional) e tudo o que fosse necessário para uma gravidez o mais saudável possível. A médica que acompanhava o meu pré-natal não me transmitia nenhuma segurança quanto a via de parto e eu não queria esperar pra ver o que ia acontecer. Aqui em Ribeirão Preto, apesar do tamanho da cidade, as taxas de cesárea são elevadíssimas (chegam a 92,5% no convênio) e não tem um único médico humanizado. Após várias indicações, procurei a Dra Carla Polido, em São Carlos, que se dispôs a acompanhar minha gravidez após as 36 semanas e a vir assistir meu parto em Ribeirão Preto (depois optamos por ir pra São Carlos). O primeiro parto – O Natural 39 semanas e 4 dias. Levando as 3 da manhã para fazer xixi e me deparo com 3 gotinhas de sangue no vaso sanitário. Volto a dormir. As 6 horas da manhã novamente vou ao banheiro e saiu um tanto considerável de sangue e um pedaço bem pequeno do tampão. O marido pediu pra ver e pra que eu ligasse para a doula, mas eu preferi esperar umas 8h da manhã. Começaram as contrações! Não eram ritmadas, mas vinham. Eram doloridinhas, mas suportáveis e então liguei para a doula, pois o marido queria saber se deveria ou não ir trabalhar. Eu e a doula já tinhamos marcado de nos ver as 11 h da manhã, então, como as contrações não estavam ritmadas eu iria esperar. A minha impressão era de que no máximo em 2 dias teria meu filho em meus braços. As contrações foram aumentando e sentada na bola de yoga consegui montar algumas lembrancinhas de nascimento e contar as contrações no computador. O intervalo médio era de 4 minutos entre elas e duravam mais de 1 minuto. Minha comadre passou em casa e me levou ao despertar do parto. Constatamos que estava em trabalho de parto ativo, eram 3 contrações em 10 minutos. Ligamos para o meu marido, pedimos para providenciar comida e explicar que não voltaria para trabalhar a tarde pois iríamos pra São Carlos. Chegamos em casa juntos, consegui me alimentar um pouco, mas a dor começou a aumentar muito. Nós combinamos com a doula que iríamos para São Carlos entre 14 e 15 h mas percebi que não dava pra esperar. Assim que ela chegou e cronometrou as contrações constatou que deveriamos ir pra São Carlos. A viagem foi bem ruim, tinha que ir mudando de posição, mas ficou muito pior quando entramos na cidade, pois o carro chacoalhava muito. Entramos na maternidade eu e a doula e o marido ficou providenciando a internação. Visualizei uma sala com uma maca e um papel cheio de sangue que me parecia o local onde faziam o exame de toque, mas logo soube que iríamos direto para o quarto. Entramos no quarto, a banheira montada, banqueta de parto, tudo da forma como imaginei!. Entrei na banheira e colocaram o CD que eu tinha levado com músicas infantis de ninar instrumental. Em um certo momento vi meu marido perguntar sobre dilatação e falaram em 8 cm. Apesar de sentir muita dor, estava ciente do que estava acontecendo e percebia que tinha algo errado com o meu corpo, mas seguia firme no propósito de parir. Quando colocavam a asculta fetal eu sentia uma dor imensa e, comecei a notar também que não existia intervalo na dor, só as ondas, e pensava: cadê a tal da endorfina natural?. A dor era muita e cada vez maior e nada, absolutamente nada aliviava e não tinha um único intervalo pra descansar. Saímos a muito custo da banheira, acho que sugestão de alguém e sentei na banqueta de parto. Pela primeira vez me pediram pra realizar exame de toque. O exame em si não doeu nada, mas devido a forte contração em meio ao exame a bolsa rompeu. Eu vocalizava muito e perguntava sempre da endorfina natural e se faltava muito. A certa altura perguntava pela Dra Carla, pois sabia que se ela não tinha chegado era porque ainda faltava muito. Eu sentia que não tinha mais forças e me levaram de volta para a banheira, mas absolutamente nada aliviava aquela dor que eu sentia, nem as massagens e apoio da doula, do marido q esteve junto o tempo todo, as músicas, os pensamentos... e, como não tinha intervalo na dor eu não conseguia descansar. Quando vi a Dra Carla senti um certo alívio, achando que era o final e nem imaginava que o desfecho seria outro. Após muitos puxos e muita dor, nem sinal do Fernando. A Dra Carla pediu autorização para fazer tentar reduzir com os dedos o colo do útero e avisou que era dolorido mais necessário. Não doeu!!! A dor que eu já sentia era tamanha que nem senti nada além nesse momento. O que me incomodava de dor, e muito, era quando colocavam a ausculta fetal, era horrível! A certo ponto eu percebi que os batimentos do Fernando não estavam nada bons e perguntei para Dra Carla que me respondeu com o olhar. A essa altura só não me viraram de cabeça para baixo, mas tentamos tudo que é posição. Eu já não escutava nem via mais nada! Dra Carla chegou e disse carinhosamente que precisaríamos fazer cesárea. O segundo parto - A Cesárea A partir do momento em que soube da cesárea eu só pensava no anestesista e, durante as contrações eu não poderia fazer força e deveria respirar fundo para oxigenar meu filho. Foram minutos intermináveis. Perguntei do meu marido e soube que ele não poderia entrar, mas estava assistindo pelo vidro. Fui muitíssimo bem tratada por todos apesar da urgência. Uma enfermeira educadíssima me deu as mãos para que eu apertasse durante forte contração que tive já no centro cirúrgico. Aplicada a anestesia a dor passou imediatamente e uns 5 minutos depois escutei o choro do Fernando. Não fomos apresentados imediatamente devido a presença de mecônio, mas a pediatra rapidamente examinou e trouxe para que eu pudesse olhá-lo com calma antes de levar novamente. Meu filho não recebeu nitrato de prata, não tomou injeção de vitamina K e só tomou banho no dia seguinte, tudo conforme combinado com a pediatra. Em nenhum momento fui afastada dele depois dos exames feitos pela pediatra e nem fui "apagada" após o parto. Mamãe, papai e filhinho foram juntos para o quarto. Após o parto fiquei sabendo que tive uma distensão no útero, fato que não tinha como ser previsto durante o trabalho de parto (a Dra Carla constatou tão logo foi aplicada a anestesia). A cesárea seria inevitável e a dor que senti era tão intensa devido a mistura de dor do parto e da distensão do útero, por isso a ausência de intervalo na dor apesar do intervalo nas contrações e pelo mesmo motivo a asculta fetal era tão dolorida. Se me arrependo de todo o esforço em busca do parto natural? Não! Meu filho recebeu todos os hormônios do parto, nasceu no dia que ele escolheu e apesar da dor, consegui agüentar firme! NENHUMA GOTA DE OCITOCINA FOI EM VÃO. Fernando nasceu dia 19/07 as 20h10 medindo 49,5 cm e pesando 3390 kg. Leave a Reply. |
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16/7/2012
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